24.9.12

Ela gosta de escrever. Mas algo a cala.
Passa horas e horas pensando, e mais o que sobra do sono quando tudo é turbilhão, também pensa nesse tempo.
É curto-circuito cerebral, e quando a energia falta...dá pra ouvir a transmissão elétrica, ali, em sua cabeça.
Será que é muito para falar? Perda de tempo?
Ansiedade?
Por que esse frenesi?
Falta de objetivo? Muitos objetivos?
Ê.
Vontade danada mesmo foi essa que me deu de escrever hoje aqui de novo.
Perpassei os escritos antigos e vi que pouca coisa mudou no peito.
Ou seria: tanto mudou na vida, e essa continua a mesma, pelo menos em essência.

Que coisa.
Espaço estranho, esvaziado e sem opiniões.
Mas é bom escrever aqui...
Pessoa  apareceu hoje pra mim, e me trouxe uma frase que amei...
"E a saudade que sinto não é nem no passado e nem no futuro"
Saudade desse presente.
Dizem que ansiedade é pensar no futuro, e ele não chegou...
Na verdade, deveríamos pensar no presente.Ou melhor, viver o presente.
Talvez seja isso...
Talvez seja isso...

4.4.11

O começo da Semana


Após a doce gratitude de sentir estar finalmente começando, não pude dormir direito ainda.
Mas tenho a tranquilidade de entender que vai ser gradual.
Acordo com a campanhia.
Não, não tem lixo.
O dia está lindoooo
Vejo que o Thiago Phetit lançou um clipe novo, mas me lembro desse, que é só doçura.
Adocico minha alma, respiro fundo e começo a semana!
Boa semana...

3.4.11

A exatamente dois meses da formatura, finalmente, consigo respirar com uma maior tranquilidade.
Comecei o ano cheia de energia e perspectivas, por falta de organização mental, tudo foi se misturando até se tornar um desenho amorfo no meu coração...que não me trazia nada além de angústia, ansiedade. E, por conseguinte, insônia e dificuldade de concentração.

Precisava de família, de aconchego, colo...
Depois de conseguido isso, parece que o céu se abriu e as nuvens começam a ir embora.
Não tenho tudo claro.
Mas hoje tracei um plano. Plano sem META?
Não, tenho uma META...Mas ela é mais geral do que posso construi-la no momento. No entanto, ter meu plano, traz uma tranquilidade maior pra meu coração.

E só me resta, perseverar na realização do plano.
Dúvidas? Muitas. Mas a certeza de que tudo vai dar certo - FÉ - as supera.

26.8.10

P-E-R-I-G-O!

Haviam passado uma bela noite na França, se conheceram  à beira do Mediterrâneo, jantaram mais tarde e caminharam pela cidade. Conversaram um pouco no quarto dela, ela havia bebido um pouco mais do que normal, estava nervosa. Pegou no sono e ele, enquanto admirava-a disse: Amanhã te mostrarei Nice. E espero que seja só o começo, por que eu gosto de você.

Dali em diante, saíriam, passeariam...teriam muitas conversas, se apaixonariam e depois até se casariam.
Pois é, fico pensando na velocidade de hoje em dia, as pessoas "ficam" para depois se conhecerem.
Caso venham a se conhecer.
São poucas as histórias em que elas se conhecem para em seguida se apaixonar, e ficarem.
Acho tão fantástico esse balé de se conhecer. Não sei se tenho ainda paciência para ele. Uma vez que o mundo é mesmo muito rápido e estou inserida nele. No entanto, suspiro com essas histórias e sinto falta delas na minha vida.
Sinto falta também da pureza das pessoas. Um dos fatores que impedem que esses romances aconteçam com mais frequência são os jogos. Nossa, como as pessoas jogam! Um olhar por ter 100 significados e nenhum deles foi o que você entendeu...Você pode ter ficado e sim, gostaria de conhecê-lo melhor, mas sabe-se lá o que cada atitude quer dizer??? Não adianta tentar estabelecer padrões de comportamento variados. Ele é único. O comportamento de satisfazer a si mesmo. Seja de homens e de mulheres, são poucos que estão preocupados com o encantamento. Com a leveza e com a sinceridade.

Por que deveriam se preocupar? O mundo cobra tanto...Tudo é tão rápido, efêmero, passageiro, logo virá outro, outra, alguém.
Há pouco tempo li um trecho do livro "Eu sou Alice" com o qual muito me identifiquei:

"Minha cabeça estava confusa com tudo isso: a maneira boba como os adultos agiam entre eles, jamais dizendo o que realmente pensavam, dependendo de suspiros e olhadelas e maneiras reservadas para falar por eles. Era muito perigoso! Devia ser muito fácil interpretar erradamente um suspiro ou um olhar. Eu tinha certeza de que não ia saber fazer tudo direito quando crescesse. Felizmente ainda faltava muito tempo”


É exatamente isso...Tudo muito perigoso!Não aprendi ler as pessoas ou ser do jeito que parece que deveria ser e, infelizmente, eu já cresci....

16.8.10

Réflexions d'une Jeune Fille

E por que teimava em ser assim, intensa?
Tudo pra ela era novidade.
Um beijo, nada novo, já fazia anos que convivia com as idas e vindas do amor, mas um beijo trazia-lhe o coração aos pulos.
Havia algum tempo que não se sentia assim, e se lhe perguntassem diria: Não, não estou apaixonada, apenas tem muito tempo que não vivo nada assim. Devagar.
Devagar é estranho, devagar assusta.
Devagar para ela, intensa, parece não lhe dar rédeas.
Sempre disse: Carpe Diem.
Para que? Do que lhe serve um dito bucólico que professava durante a adolescência quando já tem vinte e poucos.
Paradoxalmente, naquele tempo quando deveria ir devagar; foi rápido.
E quando, em tese, as coisas deveriam ser mais fáceis...parecem, lhe parecem, mais diversas.
O mundo, leia-se o amor, foi sempre uma piscina. Mergulhava de cabeça, refrescava-se, aproveitava o sol mas, por vezes, levava "um caldo"...Esbaforida, saía da água, corria, prometia que não mais voltaria.
Do que adiantava tanto esforço? Seu signo de água, intenso, impulsivo, a levava no dia de sol seguinte para lá...Esquecida, nadava, mergulhava mais uma vez...
Bem, o que fazer, quando tem que entrar na tal da piscina pela escada? Pé-ante-pé? D-E-V-A-G-A-R? Dá insegurança, ansiedade, parece até que não sabe mais nadar.
A vontade é de saltar do primeiro degrau da escada, fazer uma acrobacia no ar, e mergulhar.
Afinal,é intensa...
Contudo, resta-lhe apenas ser comedida, ser intensamente comedida.



21.7.10

Lembranças...

É claro que todo tempo é um tempo diferente.
Cada dia que passa a velocidade aumenta.
Às vezes, quando olho pela janela, já não consigo discernir uma árvore da outra.
Tudo parece junto, se misturando entre linhas, linhas de velocidade...
Não sei mais para onde vamos.
A cabeça roda, roda depressa, roda muito.
Náuseas.
E eis que ele vem, se expressa naquele pacote que ela, carinhosa e cuidadosa, já mantinha no banco da frente.
O outro, que a acompanha, me põe sentada no meio, ainda no banco de trás, e ensina:
--Você precisa olhar pra frente, pra saber onde está indo e para não se perder com tudo que está ao redor.


2.8.09

Sobre o Mar e Clarice

Há algum tempo li "Uma aprendizagem", esse livro me arrebatou de uma forma como há muito um não o fazia. A Clarice tinha um fazer literário que me traz grande admiração. Me sinto muitas fezes sem ar ao lê-la e não me canso de sempre (re) descobri-la.


"Adormeceu de novo e dessa vez profundamente pois quando com uma espécie
de sobressalto acordara já era dia. Olhou o relógio: eram cinco e dez da manhã clara e
límpida. A praia ainda estaria deserta e ela ia aprender o quê? Iria como para o nada.
Vestiu o maio e o roupão, e em jejum mesmo caminhou até a praia. Estava tão
fresco e bom na rua! Onde não passava ninguém ainda, senão ao longe a carroça do
leiteiro. Continuou a andar e a olhar, olhar, olhar, vendo. Era um corpo a corpo consigo
mesma dessa vez. Escura, machucada, cega — como achar nesse corpo-a-corpo um
diamante diminuto mas que fosse feérico, tão feérico como imaginava que deveriam ser
os prazeres. Mesmo que não os achasse agora, ela sabia, sua exigência se havia tornado
infatigável. Ia perder ou ganhar? Mas continuaria seu corpo-a-corpo com a vida. Nem
seria com a sua própria vida, mas com a vida. Alguma coisa se desencadeara nela, enfim.
E aí estava ele, o mar.
Aí estava o mar, a mais ininteligível das existências não-humanas. E ali estava a
mulher, de pé, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fizera um dia uma
pergunta sobre si mesmo, tornara-se o mais ininteligível dos seres onde circulava sangue.
Ela e o mar.
Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a
entrega de dois mundos in-cognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam
duas compreensões.
Lóri olhava o mar, era o que podia fazer. Ele só lhe era delimitado pela linha do
horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra.
Deviam ser seis horas da manhã. O cão livre hesitava na praia, o cão negro. Por
que é que um cão é tão livre? Porque ele é o mistério vivo que não se indaga. A mulher
hesita porque vai entrar.
Seu corpo se consola de sua própria exigüidade em relação à vastidão do mar
porque é a exigüidade do corpo que o permite tornar-se quente e delimitado, e o que a
tornava pobre e livre gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias. Esse corpo
entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge no silêncio da madrugada.
A mulher não está sabendo: mas está cumprindo uma coragem. Com a praia
vazia nessa hora, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada
no mar em simples jogo leviano de viver. Lóri está sozinha. O mar salgado não é sozinho
porque é salgado e grande, e isso é uma realização da Natureza. A coragem de Lóri é a
de, não se conhecendo, no entanto prosseguir, e agir sem se conhecer exige coragem.
Vai entrando. A água salgadíssima é de um frio que lhe arrepia e agride em ritual
as pernas.
Mas uma alegria fatal — a alegria é uma fatalidade — já a tomou, embora nem
lhe ocorra sorrir. Pelo contrário, está muito séria. O cheiro é de uma maresia tonteante
que a desperta de seu mais adormecido sono secular.
E agora está alerta, mesmo sem pensar, como um pescador está alerta sem
pensar. A mulher é agora uma compacta e uma leve e uma aguda — e abre caminho na
gelidez que, líquida, se opõe a ela, e no entanto a deixa entrar, como no amor em que a
oposição pode ser um pedido secreto.
O caminho lento aumenta sua coragem secreta — e de repente ela se deixa
cobrir pela primeira onda! O sal, o iodo, tudo líquido deixam-na por uns instantes cega,
toda escorrendo — espantada de pé, fertilizada.
Agora que o corpo todo está molhado e dos cabelos escorre água, agora o frio se
transforma em frígido. Avançando, ela abre as águas do mundo pelo meio. Já não precisa
de coragem, agora já é antiga no ritual retomado que abandonara há milênios. Abaixa a
cabeça dentro do brilho do mar, e retira uma cabeleira que sai escorrendo toda sobre os
olhos salgados que ardem. Brinca com a mão na água, pausada, os cabelos ao sol quase
imediatamente já estão se endurecendo de sal. Com a concha das mãos e com a altivez
dos que nunca darão explicação nem a eles mesmos: com a concha das mãos cheias de
água, bebe-a em goles grandes, bons para a saúde de um corpo.
E era isso o que estava lhe faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de
um homem.
Agora ela está toda igual a si mesma. A garganta alimentada se constringe pelo
sal, os olhos avermelham-se pelo sal que seca, as ondas lhe batem e voltam, lhe batem e
voltam pois ela é um anteparo compacto.
Mergulha de novo, de novo bebe mais água, agora sem sofreguidão pois já
conhece e já tem um ritmo de vida no mar. Ela é a amante que não teme pois que sabe
que terá tudo de novo.
O sol se abre mais e arrepia-a ao secá-la, ela mergulha de novo: está cada vez
menos sôfrega e menos aguda. Agora sabe o que quer: quer ficar de pé parada no mar.
Assim fica, pois. Como contra os costados de um navio, a água bate, volta, bate, volta. A
mulher não recebe transmissões nem transmite. Não precisa de comunicação.
Depois caminha dentro da água de volta à praia, e as ondas empurram-na
suavemente ajudando-a a sair. Não está caminhando sobre as águas — ah nunca faria
isso depois que há milênios já haviam andado sobre as águas — mas ninguém lhe tira
isso: caminhar dentro das águas. Às vezes o mar lhe opõe resistência à sua saída
puxando-a com força para trás, mas então a proa da mulher avança um pouco mais dura
e áspera.
E agora pisa na areia. Sabe que está brilhando de água, e sal e sol. Mesmo que
o esqueça, nunca poderá perder tudo isso. De algum modo obscuro seus cabelos
escorridos são de náufrago. Porque sabe — sabe que fez um perigo. Um perigo tão
antigo quanto o ser humano."